sábado, 29 de outubro de 2011

História: BR 364 oferecerá tráfego de inverno a verão

A maior parte do trecho já está com sub-base de brita que permite a trafegabilidade.


Quando partir amanhã (28) pela manhã da usina de Artes João Donato, próximo ao Igarapé São Francisco, no antigo Distrito Industrial rumo à cidade de Cruzeiro do Sul (região do Juruá), o governador Tião Viana estará fazendo mais do que um simples anúncio. Estará reescrevendo a história do povo do Acre.

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Na capital do Juruá o governador irá anunciar oficialmente que a BR 364, que liga todos as regiões do Estado, não irá mais ser fechada durante o período do inverno. Não é algo tão simples como se imagina. Todos os anos, o fechamento da estrada causava transtornos e deixava isolada por quase seis meses do ano praticamente a metade dos acreanos.

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Da pavimentação da estrada, de fato, falta apenas concluir um trecho de 70 km entre a entrada do município de Manoel Urbano e o município de Feijó. Neste trecho, cuja base está praticamente pronta, é que se encontram o rio Jurupari, que compreende uma das regiões mais pobres de todo o Acre.

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O maior problema da estrada eram as pontes. No início do mês, o governador Tião Viana entregou a última ponte que falta ficar pronta do trecho, a que passa sobre o rio Tarauacá. Já estavam prontas as dos rios Caetés, Purus, Envira e também do Juruá, fora outras pontes que também atravessam a estrada que é o símbolo da integração regional.

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O anuncio não tem apenas um cunho social de aproximar todos os acreanos. Tem também uma finalidade econômica. Não vai longe o tempo em que durante o inverno, um quilo de tomate em Cruzeiro do Sul chegava a custar dez reais, enquanto na capital não chegava a dois reais.

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Atualmente, o valor médio das mercadorias em Cruzeiro do Sul, que tem uma ligação comercial e cultural forte com a capital amazonense, está próximo de Rio Branco. Na capital, apenas a titulo de informação, um litro de gasolina pode ser adquirido a 3,08 (três reais e oito centavos). Já em Cruzeiro, o litro chega a 3,33 (três reais e trinta e três centavos). Já foi muito pior.

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Como ainda falta pavimentar um trecho importante da estrada, caminhões trucados não poderão passar pela rodovia nesse período, apenas os caminhões “tocos”, além de pick-ups e veículos pequenos. De qualquer forma, uma revolução dada as condições geográficas, climáticas e históricas que separavam, inevitavelmente, as regiões do Estado.



Um longo Caminho

Se os moradores do Purus, Envira e Juruá vivem atualmente um sonho com o fim do isolamento geográfico, não foi sempre assim. A história da BR 364 começa ainda em 1968 com máquinas do 5º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) abrindo a estrada até a cidade de Cruzeiro do Sul.

Muitos anos (na verdade décadas) se passaram até que investimentos definitivos começassem a ser feitos. Desde que o ex-governador (hoje senador) Jorge Viana anunciou ainda em 1999, seu primeiro ano de mandato, a abertura oficial da estrada, todos os anos ela era abertura ao tráfego durante o verão amazônico.

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Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva garantiram os recursos para que a pavimentação da estrada deixasse de ser apenas uma utopia. O ex-governador Binho Marques esperava concluir a pavimentação da BR ainda no seu governo, mas o clima amazônico, com chuvas permanentes de outubro a março, não permitiram o avanço das obras.

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No início do ano, já conhecendo todos os percalços da estrada, o governador Tião Viana determinou a aquisição de todos os insumos necessários para se aproveitar ao máximo o verão amazônico. Foram insumos que tiveram que chegar das regiões mais distantes do país. Desde o cimento, que veio de Manaus, até o ferro das pontes, que veio do sul do país.

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A metodologia utilizada pelo governador garantiu que as empresas permanecessem mais tempo trabalhando e um trecho maior da estrada pudesse efetivamente ser pavimentado. A base de boa parte dos trechos já estava pronta, o que também garantiu celeridade nos trabalhos, esse ano.


Sonho da Integração

A integração do Estado pela BR 364 é uma história lutas, glórias, fracassos e lágrimas. Muitas vidas foram ceifadas para que a atual geração pudesse estar vendo o asfalto interligar as duas principais cidades do Estado. Caminho longo, difícil, mas que foi vencido primeiro pela bravura dos pioneiros e segundo pela determinação de governantes dispostos a tirar os acreanos do isolamento.

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E entre atuais responsáveis pela abertura definitiva da estrada está o diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), Marcos Alexandre. Ele faz parte do quadro técnico do órgão desde 1999, convidado que foi pelo então secretário de Planejamento Gilberto Siqueira.

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No governo Binho Marques, Marcos Alexandre já era o chefe do departamento. Por estar tanto tempo envolvido na pavimentação da rodovia, conhece palmo a palmo da estrada e sabe quanto custou, não apenas do ponto de vista financeiro, cada pedaço da obra. É dele, também, a determinação para que os moradores do Juruá pudessem comemorar o fim do isolamento histórico.


Texto: oriobranco.net



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